terça-feira, 15 de julho de 2008

A Traição.

Certas culturas a constituição acusa, é na pena de Talião, corte dos dedos até a mão. É uma questão de princípios, se você me trai aqui,ou ali. Se vai me esfaquear pelas costas, ou dá a cara a bater e dá um tiro pela frente, à queima roupa. O que foi feito, dito, consumado. A traição de um amigo em quem se depositou esperanças de pessoas melhores, de um conhecido por quem se criou um respeito e refletiu-se dignidades, um parente que se auto infligiu com um calibre tal, foi-se, de qualquer um dos pontos de vista, foi-se, pra nunca mais. Não há volta, depois que o perdão se apresenta, entra na sua casa, põe as botinas encardidas em cima da mesinha de café, e lhe pede uma taça e um bom vinho para degustação, a confiança pega seu casaco, põe seu chapéu coco de feltro , um beijo em cada uma de suas bochechas e "meus pesames, a partir daqui o caminho vai ser árduo". Eu sei o que está por vir, que a tempestade vai bater a minha porta todas as vezes que eu a vir, que eu o vir, que eu os vir. Sei que depois dos pedidos de desculpa o perdão vai lutar frente a frente com a raiva, depois uma guerrilha com a tentativa de esquecimento, e se sobreviver até aí, vai se debater junto ao rancor para por fim ficar à sos, no meu lar, mesmo sabendo que agora que sua presença é confirmada, é sinal de que não foi coisa boa que ficou pra trás. Mas se vive, e o ciclo é inconfundível, afinal, você e suas expectativas são únicas, e não há mais ninguém para alcançá-las.

♥ por Stephanie Valentine, que perdoa só por que lhe disseram que evita câncer.

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