sábado, 31 de janeiro de 2009

Perfil.

Atemporal. Temperamental.
É mais que perceptível,
eu brinco com as palavras,
entorno meus pensamentos
como uma garrafa de vinho que tem
muitas histórias para contar.
Eu sei o que eu quero,
não procuro o que eu espero,
mas mesmo a contra gosto minha ansiedade me domina.
Com cada amor de rua me apaixono,
em cada noite eu esqueço o dia.
Sou artista da canção que me embala.
Sou poeta de sonetos que amo.
Egoísta por ter um mundo eternamente apenas meu.
Temperamental. Atemporal.
Posso ser igual a todos,
me sinto distinta do mundo.
Um coração selvagem aprisionado
num estado perplexo e medroso do
que lhe cerca.
Conto nos dedos cada desejo, cada ideal que crio e modifico a cada dia.
Hoje cortejo com o coração na mão cada pessoa que me apetitece.
Cortei a apatia, voltei a vida e agora procuro me esconder de qualquer penumbra que possa me cobrir.
Sou o oposto do que fui ontem, sou nova para mim mesma.
Não tente me conhecer, por que em cada cor que me coloro serei uma nova mulher.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Blank.


Apagou tudo. Cortou cada rosto. Jogou todos os livros. Comprou novos móveis. Assim que ela começou seu dia, assim é que ela colocou seus primeiros pés direitos no ano. Uma novidade limpa, um limpo branco, um esquecimento induzido, um coma acordado, um corte podado, um acidente meticuloso. Cada cantinho do seu quarto de paredes de massa corrida, escondidas por debaixo da tinta branca, estava limpa, alguns furos aleatórios estampavam o vazio que o vertical carregava com peso. Uma cadeira azul de madeira usada encostava no canto direito da sala, logo ao lado da janela aberta, sem cortinas. Ela olhava panoramicamente seu kitnete para ter certeza de que seria um começo, já que o recomeço ainda tardaria de vir, principalmente porque nem havia começado pela primeira vez para ter um recomeço. Afinal, não seria um recomeço já que ela nunca começou de verdade, nem optara começar a vida. Resolveu então jogar tudo fora, começar em pratos limpos, literalmente também, para ser um começo por opção. O fato de não poder renascer ela superaria, já que é meio difícil voltar no tempo, diria impossível com as tecnologias tão ultrapassadas de hoje, se comparada com a dos extraterrestres, é claro.

Havia anos que ela planejava isso, havia meses que vinha juntando dinheiro pra comprar tudo novo, mesmo que fosse usado. Deu de ombros aos conhecidos, sabia que no fundo eles a invejavam, quem não gostaria de ter a coragem? Então doou seu gato Tobias, vendeu seu opala bege, trocou suas roupas em brechós, mudou de cidade, circulou alguns empregos do classificado, e recomeçou. Bem, começou.

Física. Matemática.

Newton. Força. A medida da minha força. Os centímetros contidos em cada passo. O peso pesado de cada cruz. As probabilidades de nenhuma maçã jogada atingir sua cabeça. Dona N pensou que seu nome era n de nada, que nada bastava já que a cruz nunca cede, que os infernos nunca esfriam, que os mares nunca secam. Cada 24 horas que se é forte, que se dá um passo mais adiante para deixar as maçãs podres para trás, carregar a cruz, talvez a cruz de outra pessoa, talvez uma cruz maldita que teima em pesar mas que outra pessoa acabou colocando em sua vida. Talvez a própria cruz seja uma pessoa, talvez seja a propria pessoa.
Seu vestido preto da morte, a depressão que batia cada dia mais forte, e a aparente falta de sorte que nos últimos dias pareceu não querer mais partir.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Um.

Eu sempre me perco. Foi nesse dia que de ti me perdi também. Eu não sei mais andar, não sei conhecer, muito menos reconhecer. Nem se ele estivesse a um palmo. Desaprendi o que significa o tudo, não tenho idéia de quantos dedos tenho na mão direita, ou na esquerda. Qual a cor da minha voz, qual o peso do meu olhar, qual o cheiro da minha nuca. Ninguém mais sabe. Perdi as palavras de sedução da mnha boca. Esqueci de me olhar no espelho esta manhã, e sei que irei esquecer de me lembrar de olhar no fim da noite. Os dedos que não mais contei não tocam mais cada nota do piano que teimo em relembrar, que esqueci de tanto que não tocava. Errei em me perder, errei em perder todos esses anos perdidos, perder o tempo, perder a felicidade entoada, perder possibilidades. Não errei em amar, não errei em sofrer pelo amor, não errei em me arrepender, não errei em logo em seguida aceitar que tudo foi preciso. Mas qgora tudo isso eu perdi, esqueci, faz pouco tempo, há muito tempo que faz pouco tempo. Cada segundo é muito, mesmo o segundo a mais do ultimo minuto do ano é muito. Mas agora é novo. Um novo minuto, uma nova idéia esquecida, um novo.