domingo, 19 de outubro de 2008

Reinventando a Liberdade.



Você, nesta caixa, escuro, sem brechas. O escuro é totalitário, poético, silencioso. Você, doada ao escuro que te prende, põe algemas das quais você por mais que tente não consegue se desinvencilhar. Duro, o chão que você senta, duro e frio, igual ao que te penetra, te tira a pureza, te suja, penetrando. Sempre, corrompendo-se. Até o dia que a caixa abre, o escuro vai embora e as algemas te libertam. E você, aliviada, excitada com a liberdade, não sabe onde põe as mãos. A partir de agora não nos conhecemos mais, somos estranhos um para o outro, somos estranhos para nós mesmos. Agora não sabemos mais quem somos, e quem somos agora nunca saboreou a liberdade. Não sabe onde põe as mãos.
É o amor que não deixa eu me acostumar com a idéia. É o ódio que não me deixa me acostumar com a idéia. Aceito. Recuso. Me entristeço. Me magoa essa trajetória. Eu não quero, eu não quero. Mas não dá certo, é comodismo, é muito amor, é muito ódio. O escuro me conforta, me envolve, mas me mata, me mata um pouco a cada dia. Te amo, te amo tanto que te darei esta liberdade reinventada pra não sofrermos tanto com esse amor. Eu e você escuridão que me envolve.




PRISÕES: http://www.handcuffs.org/gallery/index.html

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