Ah! Aquela mulher. I-NA-BA-LA-VEL! Ela e o sexo na cidade. Cabelos longos e lisos, talvez curtos com corte moderno, daqueles que um lado é comprido e o outro curto, pode ate chegar a ser cacheado á la Carrie Bradshaw, bem nova-iorquino. Martini Rosé na mão, e na outra um cigarro na piteira, aquela piteira que foi dado de presente por um antigo amante ("pra minha boca sempre estar na sua" segundo ele). Mas a boca dela agora sempre tá na rua. Um batom vermelho-escaldante, nome dado por alguém sem nada pra fazer. E aquela calça que só é 40 porque a parte de trás não deixa muito à desejar. Pouco busto, mas sabe usar com aquela blusa, sabe?, bem decotada e sensual que só se torna sensual por causa da boca vermelho-escaldante. O sorriso não aparece muito, afinal, uma mulher assim tem segredos demais pra serem jogados assim, em sorrisos bobos. Mas a simpatia é invejável, ate parece que ela quer deixar marcas do batom em todo mundo, talvez pra esconder a profunda tristeza que lhe acalenta a alma fria. E o olhar quer dizer muito, ate demais acredito, mas ninguém tentou decifrar - "Todos são tão passageiros." ela lamenta. Cadê ele, já era pra ter chegado. Se foi. Rápido. Fugaz. Mais outro, pra viagem. Entra, sua, faz e vai. Gozo triste. Tanto vai vem, tanto "você por cima e eu por baixo", que tanto faz. É mecânico. Sem sentimento. Por que o sentimento já lhe abalou demais. "Não posso mais" diz ela no seu ultimo suspiro. E o concreto a abraça, duro, frio, e sem-graça. "Nossa, sua vida foi tão passageira" alguns lamentam. O vermelho-escaldante no vermelho-sangue agora seduzindo a multidão, curiosa pra saber o porque, mas o porque se calou na alma que ninguém quis decifrar. Alma fria acalentada pela profunda tristeza escondida... talvez.
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