sábado, 30 de maio de 2009

O gato e o cacto.


O que pertence à minha alma que ainda não tenho conhecimento? Nem mesmo conhecimento sobre a alma que preenche minha carne tenho, não sei dissertar. Talvez a solidão, com meu cacto e meu gato, ícones próprios dos solitários, aquele que espanta mas é belo, e aquele que é belo e solitário, porém tem ansia de apego. O silêncio do quarto, o vazio da cama, o telefone que não toca, o abandono que me cansa. Ninguém pra me cuidar, divido-me em mim mesma, me levo pra passear, me levo para um por-do-sol saboroso. Converso comigo mesma, pra finalmente saber o que penso, quais meus gostos, minhas cores prediletas, meus sonhos e aspirações. Nunca os soube, eis o problema de dividir-se em alguém, nunca ter oportunidade de se conhecer, ter gostos originais, sem influências, sem comparações. Crio um unvierso somente meu, não lhe deixo conhece-lo, não lhe deixo penetra-lo, é sombrio, é assustador, por fim, é belo à sua maneira, beleza exótica infrigida pela minha curiosidade. Me detruo e reconstruo por entre pontes derrubadas e estantes da mais fina madeira ardendo em chamas. Há fumaça, há desespero, mas a esperança de se erguer uma nova parede por entre o caos me encoraja. Busco alcançar o mais alto dos muros, a mais longíqua nuvem, comer da mais rara fruta, impossível clamama alguns, para mim, apenas temporariamente não conquistado. Espero o verão me aquecer, para chegar até lá.

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