quarta-feira, 18 de março de 2009

Silencio.


Ela está apaixonada. Disseram. E de repente tudo mudou. O rasgar da seda de meses atrás agora é compreendido. "Ah então era essa a confusão toda do dia do jantar." Pensou ela com seus botões. Largou o prato em cima da mesa e foi pra janela, se jogar pra fora do mundo nervoso em que ela se inseria. Da escuridão que se via janela afora não se via mais sombra. O claro que brilhou em seu olhar após um simples salto para fora da casa negra a aflorou. Pintou o cabelo, trocou as roupas, mudou as fotos vazias dos retratos vazios. Estendeu a roupa nova, acariciou as fotos novas, observou a nova cor do cabelo no espelho. É paixão?
É Claro...
a nova cor do quarto, claro. Disse a uma amiga no telefone.
E daí que seu coração novamente bateu.
E a cada encontro, com a paixão, o coração batia mais, e mais, e mais...
Ah, agora ela assume, a paixão, claro.
E na beira da cama escreve cartas, frases, palavras, e espera, espera, espera.
Foi numa só noite. Foi bom. Ele lhe prometeu, muitas noites. Boas.
Mas agora espera. O tempo passar. É paixonite, passa. Alguns disseram.

Olho pro outro lado da rua, e a paixonite passa.
Passeia os dedos no cabelo pra me enviar seu cheiro, em vão, pois seu perfume já havia me penetrado muito antes de ele me ver, tolo, mal sabe que sei toda vez que chega. Ou será que já lhe disse alguma vez? Não lembro. É impossível se lembrar de sonhos. Cada encontro é sonho. Mas tento decorar cada fala, cada gesto, cada traço de cada encontro.
O ardido. O vício.
Quero sentir, tudo, de novo.
O cheiro mais próximo. Eléctrico.
As vezes eu te cheiro.
As vezes você me cheira.
É vicio.
O leve toque pela cintura que arrepia cada centímetro da minha pele. Você sabe que faz isso comigo. Contorna meu pescoço com o dedo, lentamente, suave, desce, sobe, acaricia com as costas da mão, e depois com o dedo novamente.
Me provoca, de propósito.
Eletrico.
O corredor que se silencia. Em cada encontro. Em cada duelo nosso. Meu brigando com o seu. O olho. O teu. Quem passa sente, o duelo.
Você me puxa, eu rato em boca de cobra, só sei ceder, inerte em sua boca, derramada, dengosa, mole, quente, e você sente. Eu luto, me desvencilho, e em um aperto só você me envolve novamente, eu já entregue, cordeiro.
E você sabe. Mas te confundo como qualquer mulher faz quando sabe que caiu na armadilha.
Te acaricio, te arranho.
dissemos adeus com palavras, morri milhões de vezes.
E eu voltei pro preto. até amanha, claro, meu querido. Num encontro, eu, voce, e a paixao silenciosa.

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