domingo, 6 de abril de 2008

Quem Sabe Um Dia Ainda Vou Gostar de Você, e Você Vai Gostar de Mim.

Num dia qualquer, sem pé nem cabeça, chegou o começo ou chegou o fim, isso depende do ponto de vista de cada um dos expectadores que assistem de camarote a novela da vida alheia, a divisão de cama, o copo quebrado. A cabeça de cabeça pra baixo, sem saber que pensamentos seguir. Se vai ou fica, se fica e sai. Mas não sai nem fica em casa, entrelinhas é o lugar ideal num dia desses. As mãos que já não tem mais lugar, não sabe se passeia pelo rosto ou se vai caminhar em outro corpo. E cada parte desse corpo treme e se cobre de melancolia por causa do frio, aliás é culpa desse frio, todo esse tormento debaixo da chuva frígida. Geladeira aberta pra gelar o coração apagado. Fogão aceso pra aquecer a distância que não diminui mais. O prato que se comeu. Os retratos que agora são apenas marcas e buracos nas paredes da casa inteira, as lembranças que são agora apenas águas turvas, o piano empoeirado que nunca mais cantou aquela canção que fez tudo começar. O público chora diante da tragi-comédia, sem conseguir imaginar um final sem dor, sem conseguir acreditar como que tudo foi desabar, porque que o homicídio seria a única solução. Um tiro certeiro, ou uma flechada do cupido. Novas portas para se abrirem, energia a mais que já não será mais sugada pela escuridão. Fade out, letreiros de Fim.

Nenhum comentário: