Serve. Deve servir. Ao menos foi o que pensei, com minha boca cheia de batom avermelhado e meu vestido decotado até ali antes de me servir de algo que praquela hora servia. O martini de 12 reais que estampava uma prateleira qualquer de supermercado agora empunhado para dentro de um copo de requeijão decorado que qualquer casa humilde que se preze deve de ter. O homem, de terno aveludado e botas enlargueçidas de tanto uso sentado à minha frente apenas ria da simplicidade do copo que agora dançava como uma bailarina entre meus dedos, enquanto eu rodopiava e brincava com os 4 dedos de bebida que nele se guardava. O violão do bar ao lado preenchia o ar cansado e calado, apenas dedilhados de músicas clichês de qualquer bar que se preze. Nos olhavamos, momentos sim, momentos não. Mesmo imóveis, estáticos cada um em seu lugar, precisávamos nos certificar que o outro ainda estava lá, calado, do outro lado da saleta. Utilizávamos. Sentíamos. Corroiamo-nos. E mal olhávamos pela janela o amanhecer tomava lugar do violão. Mais uma pernoite desgastada, isolada num dia de semana. A cama po fazer, o sofá com almofadas jogadas, o tapete da sala revirada. Outra.
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